A jornada para a maternidade é repleta de momentos emocionantes, mas também de desafios. Um dos temas mais críticos e estressantes, tanto em tratamentos de reprodução assistida quanto nas tentativas naturais de engravidar, são as perdas gestacionais recorrentes. Este cenário, infelizmente, é mais comum do que se imagina e envolve fatores diversos que nem sempre possuem explicações claras.
Por que as perdas gestacionais ocorrem?
De acordo com estudos, cerca de 60% a 70% das mulheres e casais que enfrentam duas ou mais perdas gestacionais não conseguem identificar um fator que esteja promovendo as perdas. Isso ocorre porque na maioria das vezes trata-se apenas de uma falta de sorte, uma vez que a proporção das gestações que resultam em perda é relativamente alta, principalmente com o avançar da idade da mulher. torna o processo emocionalmente desafiador para quem está tentando engravidar, seja de forma natural ou com ajuda de técnicas como a fertilização in vitro (FIV).
Entretanto, é possível identificar alguns fatores que podem interferir com o risco de perda gestacional.
Idade materna avançada: A idade da mulher é o fator que mais se associa com a presença de um número anormal de cromossomos no embrião. E embriões com tais alterações têm uma menor probabilidade de resultar em gravidez e quando a gravidez ocorre, quase sempre acaba evoluindo para perda gestacional
Histórico de perdas anteriores: Quanto maior o número de perdas, maior o risco de recorrência.
Fatores uterinos: Anormalidades no útero podem contribuir para abortos espontâneos.
Diabetes e hipotiroidismo não tratados: Essas doenças ocorrem pela produção anormal de hormônios e se não tratadas, podem resultar em várias complicações, além de pior os riscos da gestação, inclusive de perda gestacional
Translocações cromossômicas: Essa é uma alteração na disposição dos cromossomos que que aumenta o risco de perdas gestacionais e pode ser identificada pelo exame de cariótipo.
Síndrome do anticorpo antifosfolipide (SAF): Doença autoimune adquirida que é caracterizada pela formação anormal de coágulos sanguíneos nas veias e artérias, também chamado de trombofilia. A SAF pode levar a complicações graves, como trombose venosa profunda, acidente vascular cerebral (AVC), embolia pulmonar e complicações na gravidez, como perdas recorrentes e prematuridade.
Hidrossalpinge: a presença de trompas dilatadas reduz as chances de engravidar após uma transferência e também aumenta o risco de perdas gestacionais. A remoção das trompas alteradas usualmente restabelece a chance de conseguir um bebê.
O que considerar?
Além da investigação das causas, as pessoas também podem considerar a reprodução assistida para reduzir o risco de enfrentarem uma nova perda gestacional: tanto o teste genéticos dos embriões antes da transferência quanto o uso de óvulos doados são úteis para esta finalidade.
Desde o diagnóstico inicial de infertilidade até a coleta de óvulos, cada etapa pode trazer desafios inesperados. A formação de embriões viáveis, o número de óvulos captados e a espera pelo resultado da transferência embrionária são fases marcadas por grande ansiedade e expectativa. Mesmo após um teste de gravidez positivo, o medo de uma evolução desfavorável da gestação permanece como um obstáculo emocional significativo para muitos casais.
A comunicação aberta com o médico e o acompanhamento psicológico podem ser fundamentais para conseguir atravessar essas situações.
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